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Não briguem com Deus!

"Onde houver ódio que eu leve o amor"

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Não briguem com Deus!

Não briguem com Deus. Não coloquem a culpa no divino e menos ainda pensem que a justiça divina vai salvar magicamente a humanidade. Não, não vai. O que vai salvar a humanidade é a humanidade evoluir.  100 mil mortes não tem nada a ver com Deus, mas com os homens. São os humanos os responsáveis por tudo. O que estamos vivendo em nosso país tem a ver com atitudes dos homens. Com os governantes que deveriam estar cuidando do povo e não estão cuidando de forma digna. Com quem deveria estar se cuidando e não está. Com quem deveria estar preocupado com o próximo e não está. 100 mil mortes no Brasil!!!! Quantas famílias em luto…  quanto choro, quanto lamento… Ao mesmo tempo, quantas pessoas desdenhando o que está acontecendo. Ontem, assisti perplexa a um vídeo que recebi em um dos meus grupos de WhatsApp, de um episódio na Praia de Copacabana durante a manifestação pacífica da ONG Rio de Paz. Antes que me perguntem, sim, conheço a pessoa que me enviou e acompanhei seu sofrimento. E acompanho sua luta diária para ressiginificar dor em ação de amor. Conheci Marcio Antônio do Nascimento Silva no grupo de pais do centro espírita que frequento.  Trabalho na Juventude e um de seus filhos é do meu grupo. Em abril deste ano, Marcio teve que dizer adeus a seu filho Hugo, de apenas 25 anos, que partiu vítima da covid-19. Um pai em luto, que da noite para o dia precisou aprender a conviver com um vazio dentro do seu coração. Momento de testemunho dos grandes. Ver um filho partir para o outro lado da Vida e não se revoltar, mas aprender a ressiginificar dor em amor. Quis o destino que em junho Marcio estivesse dando uma volta no calçadão da praia de Copacabana quando a ONG Rio de Paz estava fazendo uma manifestação silenciosa com várias cruzes simbolizando as mortes em nosso país e o descaso do governo. Quando ele viu um senhor derrubar as cruzes, num ímpeto começou a colocar todas no lugar e num desabafo falou sobre sua perda. “Precisamos respeitar mais uns aos outros. Eu senti como se ele [o homem que derrubou as cruzes] tivesse desrespeitado meu filho. Eu não tinha nada a ver com o protesto, moro em Copacabana, só saí de casa um pouco para caminhar. De repente, vi aquele gesto de falta de respeito, falta de empatia. Eles não tinham o direito de impedir a manifestação”. Marcio acabou parando em várias páginas de jornal e no Fantástico. Mas o que ele nos traz como reflexão é que nenhuma morte seja em vão, mas ele pede que aprendamos a nos olhar com mais compaixão e mudar nossas atitudes. Ele segue acreditando que a vida de seu filho Hugo tem um propósito a ser seguido. Mas meu amigo foi novamente surpreendido neste final de semana quando a mesma ONG soltou, na Praia de Copacabana, vários balões vermelhos biodegradáveis em memória dos 100 mil brasileiros mortos pelo novo coronavírus. Desta vez, Marcio foi convidado para soltar o primeiro balão. E, mais uma vez, foi surpreendido com um homem gritando que tudo era um exagero, fakenews, que não tinham tantas mortes e que isso era só pra amedrontar as pessoas (foi esse o vídeo que me referi lá em cima). E mais uma vez a voz de Marcio ecoou dando seu testemunho e usando sua voz para trazer reflexão: “Não senti ódio. Foi indignação, como se presenciasse outra morte. E não foi a única vez que a falta de sensibilidade, inclusive do poder público, me fez sofrer. Os ‘e daí?’ e o dinheiro de respiradores roubados doem tanto quanto esse episódio. Parece que depois da perda continuam a nos pisar”. Hoje nos falamos por telefone, e eu disse que queria fazer esta homenagem para ele e para as tantas famílias que estão em luto em meio a maior pandemia que já vivemos. E não, não é uma gripezinha… E no nosso papo falamos sobre os designíos do destino que nos coloca em lugares que nunca antes imaginaríamos ocupar. Obrigada, Marcio, por em meio à sua dor e sofrimento, ainda estar acolhendo tantos corações dilacerados, trazendo mensagens de amor e compreensão. Um abraço apertado neste dia dos Pais sem mais um filho. Daqui de longe, também deixo meu abraço para o querido Lucas, seu filho que tenho o privilégio de conviver todas as semanas nos encontros da Juventude, e pra Jane, como não poderia deixar de ser. Que a humanidade possa acordar. Que este governo tenha no mínimo solidariedade com as famílias que estão em luto. Mas a gente sabe, né? A gente só dá o que tem. “Amar ao próximo como a si mesmo” requer uma pergunta inicial: o que eu tenho em meu coração para amar o próximo como a mim mesmo? Fica a pergunta. Que não falhemos como humanidade. Que possamos aprender a ser mais fraternos. De passo em passo vamos evoluindo rumo aos Novos Tempos. Mas como dizia Kardec: “às vezes é necessário que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas”. Que não nos falte força, fé, coragem, determinação e esperança para continuar lutando por um mundo mais justo e fraterno.

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