Uma mãe como poucas…

Lá se vão muitos anos. Meu filho tinha exatos nove anos e o ano era 1998. Estávamos em casa, tínhamos acabado de voltar do quintal, íamos começar a subir a escada quando meu filho parou e disse: mamãe você é uma mãe como poucas! Eu fiquei sem entender exatamente o que seria aquilo. Um elogio? Uma reclamação? Para não ficar com nenhuma dúvida, perguntei: o que é ser uma mãe como poucas, meu filho? A resposta foi imediata: “ah! mãe, é que você inventa brincadeiras e brinca com a gente de um jeito legal que outras mães não fazem. E você conta historias de um jeito divertido. E quando vem amigo aqui em casa você ainda inventa um monte de coisas legais pra gente fazer e até brinca com a gente. Ah! e faz lanchinhos especiais“.

Fiquei com aquela fala do meu filho na cabeça, “uma mãe como poucas…”, ou seja, uma mãe que brinca com os filhos e inventa moda com eles. Que liga as histórias ao afeto e ao amor. Que incentiva o imaginário sem medo do que poderá surgir. Mas, ao mesmo tempo, uma mãe que dava broncas quando necessário e mostrava os limites entre os podes e não podes da vida.

É… a vida é feita de histórias. E isso tudo é muito bonito. É como um quebra-cabeça sem fim, cheio de peças que vão se encaixando e formando um cenário, uma história de vida que só ficará completa no dia de minha partida. Ou não. Quem sabe deixarei espaços para que meus filhos continuem preenchendo a minha história. Porque no fundo o que guardamos de nossas vidas são as histórias que vivemos e que nos marcaram. É tudo que retemos. Nossa memória afetiva. Por isso, sempre quis dar de presente aos meus filhos, histórias, sonhos e afetos, tudo misturado, para que eles possam guardar em suas almas e, um dia, se desejarem, passar adiante, com o mesmo afeto e carinho que receberam. Ou mais.

É muita emoção escutar seu próprio filho dizer que você é uma mãe como poucas…