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Por que a literatura é sempre uma das primeiras coisas a ser cortada quando a crise chega?

Um reflexão antiga, mas ainda atual...

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Literatura não dá votos, mas abre janelas e acende luzes na alma

Hoje, procurando um arquivo em meu computador, achei este texto, que escrevi em 2015, mas que está tão atual que me deu até tristeza. Resolvi fazer pequenas alterações e postar, porque em tempos de desmazelo cultural não podemos esmorecer. Então, vamos ao texto.

Por que a literatura é sempre uma das primeiras coisas a ser cortada quando a crise chega? Planos governamentais cortam compras de livros para as escolas públicas do país e programas de incentivo à leitura de diversos segmentos sofrem cortes em seus programas literários. O mais recente foi o programa de leitura Adote um escritor, de Porto Alegre. Imagino que seja porque a literatura não faz alarde, não dá votos, não chama a atenção de ninguém. A literatura é um movimento de dentro para fora, que faz barulho na alma do leitor, mas não dá mídia, praticamente não sai na televisão… Ninguém mostra na TV a diferença na vida de milhares de crianças que são beneficiadas com programas de leitura ou acesso à literatura infantil e juvenil de qualidade.

Que há muito ainda por fazer para nos tornarmos um país de leitores, não tenho dúvidas, mas nesse momento de crise, fico me perguntando se o corte na cultura e educação, sobretudo na literatura, não seria exatamente por essas razões acima mencionadas e pelo descaso mesmo, como se literatura fosse futilidade. Mas quem não trabalha com formação de leitores pelos quatro cantos desse imenso país, não sabe o que significa acender uma luz onde antes não havia. Não sabe o que é abrir uma janela onde antes tudo estava fechado.

Quem trabalha com crianças, jovens, formação de professores, sabe da importância desses cursos de formação de mediadores de leitura e desses encontros dos leitores com os escritores e os ilustradores, para que cada vez mais possamos formar pessoas capazes de sonhar e reinventar esse Brasil ainda tão cheio de mazelas, mas tão lindo e cheio de possibilidades.

Há muito venho falando sobre estarmos sendo protagonistas dos Novos Tempos. Tempos que estão chegando, mas toda transição é tumultuada mesmo. Estamos em 2017, não há mais como ter atitudes ultrapassadas e nem há mais tempo para ficarmos repetindo velhos modelos que já não cabem mais. A crise que se abate sobre o nosso país é de ordem moral e ética. Não falo de moralismos, mas de moral. Não dá mais para cometer um erro e tentar se justificar dizendo que todo mundo faz. Nos Novos Tempos teremos que compartilhar mais, amar mais, cuidar mais, e, ao mesmo tempo dividir mais os lucros e somar em parcerias que sejam produtivas para todos. Teremos que nos respeitar, porque somos todos seres humanos.

Chega de hipocrisias, chega de gente que só quer se dar bem custe o que custar. CHEGA!

Quem não estiver disposto e trocar as atitudes velhas por novas vai ficar para trás nos Novos Tempos. E vamos continuar a luta por um país leitor, porque como disse antes, a literatura é um movimento de dentro para fora, que faz barulho na alma do leitor.

Ainda temos muito que fazer…  Então, vamos lá, cobrar das autoridades atitudes. Vamos dar continuidade ao que funciona e dar um basta à falta de compromisso com a educação e a cultura.

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